segunda-feira, 31 de março de 2014

Unidade XV: As unificações da Alemanha e da Itália

A Política das Nacionalidades
As unificações da Alemanha e da Itália

     Em 1871, após uma série de guerras, que envolveram alemães, italianos, austro-húngaros e franceses foram concretizadas as unificações alemã e italiana dando origem as duas novas forças no Velho Continente.

O processo de construção do Estado Alemão.

     A construção do Estado alemão teve início em 1832 com a criação do zollverein, uma política aduaneira, que extinguiu as alfândegas entre os estados membros da Confederação Germânica e entre eles e a Prússia. O zollverein não incluía a Áustria, que ocupava a presidência da Confederação. Essa medida resultou na formação de um bloco econômico, primeiro passo para a unificação política.
     Em 1848, em meio a turbulência nacionalista na Europa, houve uma fracassada tentativa de unificação ocorrida  no Congresso de Frankfurt, que não resistiu a reação do Império Austríaco. Nesse Congresso, chamou atenção fato de alguns estados da Confederação Germânica, os localizados na Baviera, não terem votado na proposta de unificação discutida no Congresso. A reação austríaca forçou o recuo da Prússia, que, até ali,  apoiava a proposta de unificação.
     O fracasso da unificação em 1848 apontou para os prussianos a necessidade de dotar o Estado de uma força militar capaz de enfrentar e derrotar a Áustria. Essa política foi inaugurada ainda nos anos 1850
     Em 1862 com a ascensão de Otto Von Bismarck ao governo Prussiano, como Chanceler, foi intensificada a militarização combinada com uma política de alianças e de guerras externas, vistas pelo chanceler como o único caminho para a unificação. Essa opção denominada, por ele, como política de ferro e de sangue. A estratégia adotada pelo Chanceler  teve apoio da aristocracia rural Jünker, da qual Bismarck era oriundo, e que era declaradamente nacionalista e defensora da unificação pela via da militarização.
     Em 1864, teve início o ciclo de guerras da Prússia contra a Dinamarca, contra o Império Austro-Húngaro em 1866 e contra a França em 1870. Na primeira, com apoio austríaco houve a incorporação do Ducado de Schlewisg. Na segunda em 1866, com apoio do Reino do Piemonte e com a neutralidade de Napoleão III ocorreu a união de grande parte da Confederação Germânica à Prússia, formando a Confederação do Norte. Na última em 1870, com apoio do Reino do Piemonte formou-se o Estado Alemão com a união dos estados da região Bávara.


                             A unificação alemã e o Revanchismo francês

     A guerra Franco-Prussiana 1870-71 constituiu-se na última etapa da unificação alemã e deu início ao revanchismo dos franceses, considerado como uma das causas da Primeira Guerra Mundial. Esse sentimento dos franceses em relação aos alemães decorreu das seguintes situações:
- A perda do território da Alsácia e Lorena rico em carvão mineral, que ficou anexado à Alemanha até o término da Primeira Guerra Mundial;
- A coroação do Kaiser Guilherme como o imperador da Alemanha, ter sido realizada nos salões do Palácio de Versalhes, um dos símbolos da França.

 [Caderno de anotações de aula. Professor Luis Francisco]














                         A Guerra Franco-Prussiana e a Comuna de Paris

   A derrota francesa na guerra contra os prussianos resultou na queda do governo de Napoleão III e abriu caminho para a instalação de uma breve experiência de governo popular em Paris, o governo da Comuna.
    A Comuna de Paris representou um governo de resistência dos trabalhadores ao governo da burguesia liderado por Adolphe Thiers (reconhecidamente conservador) instalado após a queda de Napoleão III. O governo da Comuna foi eleito por sufrágio universal e defendeu um programa de reformas como: ensino gratuito e obrigatório, controle dos preços dos alimentos, controle do Estado sobre as unidades fabris e parcelamento das dívidas decorrentes de aluguéis em atraso.
     Entretanto, uma ofensiva militar do governo Thiers esmagou a experiência de um governo operário, como Marx imaginava. Os números apontam para cerca de 20 mil comunardos mortos. Mas, segundo Hobsbawm no livro A era do capital, podem ter sido muito mais de 20 mil os comunardos que morreram. Porque cerca de 40 mil foram feitos prisioneiros e 10 mil foram sentenciados. Houve, sem dúvida alguma, um banho de sangue.

(Caderno de anotações de aula. Professor Luis Francisco)      

O processo de formação do Estado Italiano

     Em 1870, em meio a guerra franco-prussiana os italianos anexaram os territórios Pontificiais e com eles criaram o Estado Italiano. Esse momento representou a terminalidade de um processo que mobilizou grande parcela da sociedade italiana em torno da unidade política ainda que dividida em diferentes proposições como:
- O Risorgimento movimento surgido no Reino do Piemonte sob a influência da alta burguesia, que defendia a monarquia como forma de forma de governo. No Risorgimento despontou a liderança de Camilo Benson, o Conde de Cavour, Primeiro Ministro do monarca Vitor Emanuel;
 - A Jovem Itália ou Mazzinismo, esse movimento organizou-se na área da Venécia sob a liderança de Giuseppe Mazzini e defendia a república como forma de governo;
- Os Camisas Vermelhas, liderados por Giuseppe Garibaldi, defendiam uma República que priorizasse as questões sociais. Os Camisas Vermelhas eram do Sul, a área economicamente menos desenvolvida da Península, de população majoritariamente camponesa.
     Entre 1848 e 1870 intensificou-se o processo de unificação, sobretudo a partir da década de 1850 quando Cavour adotou uma política de alianças externas com a França de Napoleão III e com a Prússia de Otto Von Bismarck. Através de guerras contra a Áustria e por último contra a França, os italianos, sob a liderança piemontesa, puderam construir a unidade política e territorial. Vale registrar, que em ambas as guerras os italianos atuaram como coadjuvantes dos prussianos nas guerras austro-prussiana e franco- prussiana.

                         A unificação italiana e a Região Irridenta
    
A unificação da Itália em 1870, com a anexação dos territórios Pontificiais, não definiu a Itália como ela é hoje. Porque naquela oportunidade não foram integrados ao Estado Italiano os territórios da chamada Itália Irridenta (região do Trento, do Triestre, do Trentino e da Ístria), que permaneceram sob o domínio austríaco até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando então eles foram integrados à Itália.
O irredentismo italiano foi uma doutrina que defendia a integração à Itália de todas as regiões que, embora politicamente separadas daquele país, estariam ligadas a ele pelos costumes e pela língua. A expressão "terras irredentas" (em italiano, terre irredente), isto é, terras 'não libertadas' ou 'não resgatadas',

(Caderno de anotações de aula. Professor Luis Francisco)








                            A unificação italiana e a Questão Romana

     Entre 1870 e 1929 desenvolveu-se o que se denominou Questão Romana marcada pelo fato de não existirem relações políticas entre o Estado Italiano, criado em 1870, e a Igreja Católica.
     Essa questão decorreu da reação do Papa Pio IX, que não aceitou o fato de os italianos anexarem os estados Pontificiais ou região Romana na última etapa da unificação italiana. Naquela oportunidade, o então Papa Pio IX não reconheceu o Estado italiano e declarou-se prisioneiro do mesmo.
     Essa situação arrastou-se por quase sessenta anos, sendo resolvida em 1929 pelo Tratado de Latrão assinado pelo Papa Pio XI e o líder italiano Benito Mussolini, Il Duce. Por esse tratado a Igreja reconheceu o Estado Nacional e, em troca, recebeu de Mussolini a soberania sobre o território, em que se instalou o Estado do Vaticano.

[Caderno de anotações de aula. Professor Luis Francisco]

Unidade XIV: As Revoluções Liberais de 1830 e de 1848

As revoluções liberais na França

     Entre 1830 e 1870 o continente europeu foi palco de um conjunto de eventos, que marcaram as revoluções liberais e os movimentos nacionalistas. Além deles inclui-se nesse período uma nova dinâmica na organização do movimento operário, em razão da publicação em 1848 do Manifesto Comunista de Marx e Engels, que propunha aos trabalhadores encaminharem sua luta em defesa da construção de uma sociedade igualitária.

A Revolução Liberal Francesa de 1830

     Em julho de 1830, a França viveu os três dias gloriosos, neles os franceses sob a liderança da burguesia liberal e com intensa participação das classes populares construíram as barricadas de modo a enfrentarem o monarca Carlos X (último rei da dinastia dos Bourbons).
     Esse processo foi deflagrado pelo fato de Carlos X (1824/30), que ao suceder seu irmão Luis XVIII não tardou a adotar medidas reveladoras de seu caráter absolutista, como por exemplo: dissolver a Assembleia, convocar uma nova eleição não sem antes alterar o censo eleitoral reduzindo o número de eleitores e impor a censura à imprensa nas chamadas Ordenações de Julho. A burguesia sob inspiração liberal não vacilou em reagir às pretensões absolutistas de Carlos X e com apoio popular ergueu as barricadas e pressionou o monarca até fazê-lo renunciar. Era uma vitória das forças liberais sobre as forças conservadoras absolutistas.
     Com o afastamento de Carlos X, as lideranças burguesas não perderam a oportunidade de indicar um novo monarca Luis Felipe de Orleans, um nobre de tendência liberal, o rei burguês ou o rei dos banqueiros.

A Revolução Francesa de fevereiro de 1848

As barricadas, em julho de 1830, serviram para Luis Felipe ascender ao trono francês. Em fevereiro de 1848, foram reerguidas para derrubá-lo

     Em fevereiro de 1848 sob liderança da burguesia liberal formou-se um movimento de coalizão de forças políticas contra Luis Felipe, formada pelos republicanos, constitucionalistas, bonapartistas e socialistas, que acabaram por derrubá-lo. Essa revolução aconteceu numa conjuntura de crise de subprodução agrícola e de superprodução industrial com elevado índice de desemprego e de inflação. O quadro de desemprego proporcionou o crescimento do movimento operário na França em que se evidenciou a liderança dos socialistas ainda que utópicos.

Em meio a crise econômica, a reação de Luis Felipe foi a de reprimir as manifestações, proibindo-as. A atitude do monarca precipitou os acontecimentos que culminaram com sua deposição.


                                         1848 O ANO DA PRIMAVERA DOS POVOS

     O ano de 1848 foi marcado por uma série de eventos ou movimentos de caráter revolucionário como: a Revolução de Fevereiro na França e os movimentos nacionalistas dentro do Império Austríaco, na Península Italiana, na Confederação Germânica.
     Além desses movimentos, o ano de 1848 também foi marcado pela publicação do Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. Nele os autores defendiam a luta da classe operária contra a burguesia que a explorava, para a construção de uma sociedade igualitária, era a luta de classes entre o trabalho e o capital.

     Entre fevereiro e dezembro de 1848 na França, o poder foi exercido por um governo provisório de coalizão, que reuniu liberais, republicanos, bonapartistas e socialistas. Esse governo promoveu uma reforma política representada na adoção do voto universal, criação das leis sociais, concessão de anistia aos presos políticos, garantia de liberdade de imprensa. Esse governo, sob a influência dos socialistas (o Ministério do Trabalho era ocupado pelo socialista Louis Blanc), criou as Oficinas Nacionais de modo a combater o desemprego sob a forma de cooperativas de trabalhadores.

     Entretanto, amedrontadas pelo avanço dos socialistas, os setores mais conservadores da sociedade francesa empenharam-se para fazer maioria na Assembleia Constituinte eleita em abril de 1848. Com a maioria, os conservadores puderam suspender o programa das oficinas nacionais. Essa decisão provocou o rompimento dos socialistas com o governo provisório e a tentativa revolucionária de julho, de caráter popular. Essa tentativa foi sufocada, resultando em milhares de mortes e de prisões. A repressão foi conduzida pelo General Cavaignac, o carniceiro, que nos meses seguintes assumiu o comando do governo provisório até a promulgação da Constituição e da realização das eleições.  Em dezembro de 1848 realizaram-se as eleições presidenciais vencidas pelo candidato de uma coligação partidária, que reunia liberais, republicanos e bonapartistas. O candidato foi o líder bonapartista Luís Bonaparte.



                                          De Luís Bonaparte a Napoleão III

     Depois de vencer as eleições de 1848 e tronar-se presidente da França, Luís Bonaparte em 1852 tornou-se imperador com o nome de Napoleão III. Essa transição ocorreu após Luis Bonaparte, com apoio do exército, dar um golpe de estado no qual fechou a Assembleia e promover um plebiscito em que obteve a autorização de substituir a República pela Monarquia. Neste momento ele se auto proclamou o imperador Napoleão III. Segundo Marx este foi o 18 Brumário de Luis Bonaparte, numa tentativa de reconstituir ou repetir a história de seu tio Napoleão Bonaparte. Entretanto, Marx classifica essa tentativa como uma farsa.
     Entre 1852 e 1871 a França, e até certo ponto a Europa, ficaram sob a batuta política de Napoleão Bonaparte. Ele se revelou contraditório e pendular na sua política externa, ora apoiando o nacionalismo, ora se opondo como no caso italiano, em que apoiou o Reino do Piemonte na guerra contra o Império Austríaco, para em seguida oferecer apoio e proteção à Igreja Católica, porque esta estava ameaçada pelos nacionalistas do Exército dos Camisas Vermelhas, próximos de entrar nos territórios dos Estados Pontificiais, que pertenciam a Igreja Católica.
     No plano interno Napoleão III desenvolveu uma politica de consolidação da indústria francesa, estreitando suas relações com a burguesia nacional. Em seu governo foi desenvolvido um plano de urbanização de Paris, que também favoreceu a elite francesa. Outra marca indelével de seu governo foi a ênfase ao expansionismo francês, que consolidou o domínio sobre a Argélia e efetivou a conquista da Indochina.
     Entretanto, acabou sendo vítima de sua política externa, ao envolver-se numa divergência com a Prússia sobre o processo sucessório espanhol, que resultou numa guerra entre a França e a Prússia, que com sua Máquina de Guerra invadiu o território francês e promoveu o cerco a Paris. Essa guerra determinou a prisão e deposição de Napoleão III.

terça-feira, 25 de março de 2014

Unidade XIII: A América Espanhola no século XIX

A América espanhola no século XIX

O processo de independência

     Entre 1815 e 1824 ocorreram nas colônias espanholas as guerras de independência entre os exércitos de libertação e a Coroa Espanhola. As guerras representaram a terminalidade de um processo, cujo cenário vinha se desenhando desde o final do século anterior, sob influência de um conjunto de fatores como:
- a influência do pensamento liberal, cujos princípios de igualdade e de liberdade embasaram ideologicamente a luta pela libertação liderada nas colônias pela elite criolla, segmento social formado por indivíduos brancos nascidos nas colônias, filhos de espanhóis, que constituíam a classe proprietária de terras, de minas e de escravos. Entretanto,  pelo fato de terem nascido na América, foram excluídos dos cargos da alta administração colonial, que ficaram reservados para os espanhóis designados pelo Estado Hispânico, os chamados chapetones. De modo que a independência das colônias significaria para essa elite criolla a ascensão aos cargos de classe dirigente nas nações recém emancipadas;
- o interesse inglês na independência das colônias espanholas, porque isto representava a quebra do pacto colonial espanhol e, por conseguinte, a abertura de novos mercados para a burguesia industrial inglesa. Por isso, os ingleses não se furtaram a enviar ajuda material e financeira para os exércitos de libertação, contribuindo para a vitória deles. Claro que, mais tarde, os ingleses apresentariam a conta a ser paga pelas novas nações independentes;
- a expansão napoleônica que atingiu a Península Ibérica também contribuiu, de forma indireta, para o êxito da luta de libertação das colônias. Isso se deveu ao fato de Napoleão ter afastado o monarca espanhol do trono, colocando no mesmo seu irmão José Bonaparte. Essa atitude do imperador francês provocou na Espanha a formação de um movimento de resistência através das Juntas Governativas
     Nas colônias, a exemplo do que ocorria na metrópole, foram criados governos locais pela elite criolla, que não reconhecia a autoridade francesa, mas não representava uma atitude de apoio ao monarca espanhol. Assim, durante a ocupação francesa na Espanha, as colônias experimentaram uma autonomia política e econômica, nunca antes concedida pelos colonizadores. Assim que ocorreu  a restauração da monarquia espanhola ao trono em 1815, houve uma tentativa espanhola de recuperar o controle sobre as colônias esbarrando na resistência da elite criolla, que não quis renunciar a liberdade política e econômica exercida durante a ocupação francesa na Espanha;
- a publicação pelos Estados Unidos da América, em 1823, da Doutrina Monroe, documento no qual os norte americanos manifestavam apoio à emancipação da América Espanhola. Nesta doutrina os Estados Unidos se posicionaram contra a intervenção da Santa Aliança para reprimir a independência das colônias hispânicas como havia sido solicitado pela monarquia espanhola. A posição ficou celebrizada na frase a América para os americanos.
     Fica claro, portanto, que a independência da América Espanhola deve ser inserida na conjuntura do início do século XIX marcado pelas ideias liberais e não menos nacionalistas. Por outro lado é preciso entender a emancipação dessas colônias como a representação dos interesses da elite criolla interessada em assumir o poder e criar novas possibilidades de acumulação de riqueza.
     Durante as guerras de libertação destacaram-se lideres, até hoje considerados heróis em suas pátrias, grandes comandantes militares e representantes da elite criolla como: Simon Bolívar, José de San Martin, José Sucre, Bernardo O’Higgins e Francisco Miranda.

Estudo de casos na independência
    
1º) México
     O processo de independência mexicana declarada em 1823, teve uma trajetória particular porque, inicialmente o movimento de libertação era liderado pelos padres Morelos e Hidalgo, que construíram uma aliança com os camponeses de origem indígena. Entretanto, esse movimento foi reprimido pelos espanhóis, através da força militar comandada pelo general Agustin Itúrbide.
     Em seguida a repressão ao movimento liderado pelos padres, o General Itúrbide declarou a independência do país, instituiu uma monarquia e assumiu o trono sob o título de Agustin I. Ocorre que esse governo durou cerca de um ano, porque em 1823 o imperador foi assassinado, após o que instalou-se uma República representativa dos interesses da elite criolla. Estavam criados os Estados Unidos do México.


2º) Cuba
    
     A independência da Ilha Caribenha data de 1898 como desdobramento da Guerra Hispano-Norte Americana (1896-98), que com a vitória os Estados Unidos exigiram o reconhecimento espanhol da independência de Cuba e das Filipinas na Ásia. Essa guerra resultou do envolvimento norte americano na luta de independência de Cuba, uma região que despertava o interesse dos Estados Unidos, que haviam inclusive feito uma proposta de compra junto ao Estado Espanhol.
     Com a derrota a Espanha cedeu o controle de Cuba aos Estados Unidos, assim como também de Porto Rico e das Filipinas. Em 1902 foi criado o Estado Cubano, que incorporou em sua Constituição um conjunto de normas, de proposição dos Estados Unidos, denominadas Emenda Platt. Por ela ficou estabelecido o direito de intervenção dos Estados Unidos em Cuba, em nome da liberdade, da democracia, da justiça social e da segurança do continente. Além disso os Estados Unidos passariam a ter a preferência na compra do açúcar cubano e na exploração do subsolo da Ilha.









3º) Panamá
I TOOK PANAMA” 
                            (Theodor Rossevelt)

          Oficialmente o Panamá se tornou independente da Colômbia, uma vez que fazia parte da Colômbia, como um Departamento. A emancipação do Panamá teve a participação dos Estados Unidos no governo Theodor Roosevelt, que considerava o Panamá estratégico para a construção da passagem do Atlântico para o Pacífico. Em razão da resistência colombiana em ceder aos Estados Unidos a autorização para a construção desse canal, levou o governo T. Roosevelt a apoiar e incentivar o movimento separatista panamenho. Vale registrar, que a construção do Canal começou nos anos 1880 sob a responsabilidade de uma empresa francesa, que a interrompeu por volta de 1890 em razão de sua falência.


A América Espanhola após a independência

A Fragmentação política e territorial

     No século XIX, após as guerras de libertação, organizaram-se os novos Estados na América Latina sob liderança da elite criolla. O que se verificou foi uma fragmentação territorial e política muito em razão da derrota da proposta de Simon Bolívar no Congresso do Panamá de 1826. Naquele congresso, Bolívar propôs a criação da Confederação Latino Americana, ou seja, a união territorial e política dos países de língua espanhola como caminho para torná-la forte na relação com as economias centrais.
     Entretanto, essa proposta foi derrotada por uma elite criolla desejosa de exercer o poder em âmbito local e sob influência da Inglaterra, cujo representante no Congresso se incumbiu de criar uma imagem de Bolívar associada a instalação de uma grande ditadura sob sua liderança. Claro que os ingleses por estarem interessados nos mercados recém libertos do pacto colonial, não se furtariam a agir no sentido inverso daquele proposto por Bolívar. A fragmentação era o que melhor atendia aos interesses britânicos, porque, seguramente, empurraria a América para uma condição de dependência econômica e financeira externa.

A dependência econômica externa

     Em razão da elite criolla ter assumido o papel de classe dominante, após a independência, contribuiu para a permanência do modelo econômico agrário exportador do período colonial. Esta permanência foi decisiva para a condição de dependência externa tanto do ponto de vista econômico quanto do financeiro.
     No primeiro caso por conta da exportação dos produtos primários para o mercado europeu provocando um frequente déficit comercial, em razão da importação de industrializados. No segundo caso a necessidade de obtenção de empréstimos externos para fazer frente aos custos de instalação dos Estados e dos investimentos em infraestrutura portuária, em ferrovias entre outros.

O Caudilhismo

     A formação de governos autoritários ou caudilhistas foi uma característica política da América de língua espanhola no século XIX. Foram verdadeiras ditaduras instaladas por representantes da aristocracia criolla, ou seja, por uma elite rural, que se instalou no poder e nele permaneceu valendo-se da força de suas milícias armadas ou por meio de eleições fraudulentas, que se constituíram numa marca indelével da ordem política do continente.

     Uma característica desses governos foi a política econômica adotada. Entre eles, havia aqueles que adotaram o nacionalismo econômico dificultando a presença de capitais estrangeiros em seus países, como por exemplo os caudilhos paraguaios responsáveis pelo desenvolvimento singular obtido por aquela nação no século XIX e os que se conduziam sob uma diretriz liberal, o que facilitava a participação de capitais estrangeiros na economia nacional. 


Unidade XII: Os Estados Unidos da América nos séculos XVIII e XIX

 América nos séculos XVIII e XIX

I) Os Estados Unidos da América

1- A Independência das Treze colônias (1776)

     A emancipação dos atuais Estados Unidos da América é considerada pela historiografia norte americana como um processo revolucionário – A Revolução Americana – e representou uma luta em defesa da liberdade individual e do direito de terem seu próprio governo.
     O processo foi deflagrado em meados do século XVIII, após a mudança de atitude do governo britânico, que, depois de cem anos de negligência salutar, decidiu reprimir a autonomia política e econômica de suas colônias da Nova Inglaterra. Esta mudança se traduziu na criação de leis, que restringiriam a liberdade de comércio e impunham tributos, até então inexistentes como:

a Lei do Açúcar, a Lei do Selo, a Lei da Moeda, a Lei dos Importados, a Lei de Quebec e a Lei do Chá.
     Segundo o governo britânico, essas medidas se justificavam pelo fato de a Inglaterra precisar repor as perdas sofridas pelo tesouro com a Guerra dos Sete Anos contra a França. Ainda que houvesse vencido a guerra e obtivesse conquistas coloniais, a Inglaterra havia gasto muitos recursos no conflito e entendia que, os colonos, por serem ingleses, deveriam também contribuir para a recuperação financeira do Estado.
     Entretanto, há uma análise que difere da justificativa inglesa, porque considera que a nova política inglesa seria uma represália aos colonos em razão da conduta deles na guerra em que não teriam lutado ao lado dos ingleses e também uma repressão ao comércio triangular, que estaria competindo com a burguesia colonial na região das Antilhas e no tráfico de escravos.
     A criação das leis provocou a reação dos colonos através de ações como:

o questionamento da legalidade das leis, sob o argumento de não terem representantes no Parlamento Britânico o que os isentava da obrigatoriedade do pagamento de impostos votados pelo mesmo. Daí a expressão: sem representação não há tributação;
o boicote ao comércio inglês;
- a destruição do carregamento de chá no porto de Boston em 1773, no episódio conhecido como the Boston tea party ( a festa do chá em Boston ) em que colonos travestidos de índios invadiram o navio da Companhia Britânica das Índias Orientais, a reação da Coroa Britânica não tardou. Em represália ao episódio de Boston foram decretadas as Leis Intoleráveis ou Coercitivas;
- a realização dos Congressos da Filadélfia entre 1774 e 1776 com a presença de representantes das Treze Colônias, em que exigiram a revogação das Leis Intoleráveis com  a Declaração de direitos e agravos dos colonos e, em 04 de julho de 1776 em que publicaram a Declaração de Independência, redigida por uma comissão encabeçada por Thomas Jefferson e inspirada nas ideias liberais ou iluministas difundidas nas Treze Colônias com a publicação do livro Common Sense de Thomas Payne.

                                                
                                               As Leis Intoleráveis

     Em 1774 após o episódio do Chá em Boston, o governo britânico publicou o conjunto de medidas de cunho coercitivo, denominadas Leis Intoleráveis, que estabeleceram:

- o fechamento do porto de Boston até o pagamento da indenização;

- a nomeação de um governo militar para a colônia de Massachussets suprimindo a autonomia política dos colonos que elegiam seus dirigentes, formavam suas assembleias, criavam seus tribunais, cunhavam as moedas e criavam e cobravam seus tributos;

- a instalação na Colônia de Massachussets de uma unidade militar como garantia de cumprimento das medidas anteriores.

     Após a Declaração de Independência, teve início a Guerra de Independência (1776/1781) vencida pelo exército colonial comandado pelo sulista George Washington, com apoio externo dos franceses e dos espanhóis. Esse apoio foi uma resposta desses dois países a derrota sofrida frente à Inglaterra na Guerra dos Sete Anos, que lhes custou a perda de áreas coloniais. Em 1781 com a vitória na batalha de Yorktown, foi sacramentada a independência.
     Em 1783 com a assinatura do Tratado de Versalhes o Estado Britânico reconheceu a independência de suas colônias. Os quatro anos subsequentes foram dedicados à construção da União finalizada com a promulgação da Constituição de 1787, que definiu a República Presidencialista, a tripartição do poder, o federalismo, mandato presidencial de quatro anos,  autonomia das unidades da federação para legislarem sobre determinados temas como a prática do protecionismo e permanência do escravismo.

2- Os Estados Unidos após independência

A expansão territorial (1783/1867)

     Através de negociação com a Inglaterra, da compra junto aos espanhóis, aos franceses, aos mexicanos e aos russos e da anexação dos territórios mexicanos, os EUA promoveram a sua expansão territorial da Costa do Atlântico à Costa do Pacífico.

Territórios que foram incorporados aos Estados Unidos, ao longo da expansão.

- O território entre os Montes Apalaches e o Rio Mississipi, obtido no Tratado de reconhecimento da  independência de 1783 com a Inglaterra;
- A Luisiana comprada aos franceses em 1803;
- A Flórida comprada aos espanhóis em 1818;
- Os territórios mexicanos obtidos após a Guerra do Texas (1846/48) e pela assinatura do Tratado    de Guadalupe Hidalgo firmado com o México;
- O território do Oregon/Washington negociado com a Inglaterra em 1853;
- O Alaska comprado junto aos russos em 1867.


     Todo esse processo foi ideologicamente justificado pela Doutrina do Destino Manifesto e no Corolário Polk de 1845. A Doutrina apresentava a expansão como uma missão confiada por Deus aos norte-americanos, que deveriam levar a democracia e a União até a mais longínqua fronteira. O Corolário justificou a anexação dos territórios mexicanos ao considerar o direito de qualquer ex-colônia de integrar a União se esse fosse o desejo de sua população e desde que os EUA não se opusessem.
     Com a expansão alcançando a fronteira do Pacífico, os ganhos para os norte-americanos foram expressivos, tais como: uma segunda saída oceânica, inúmeras reservas minerais, isto é, fontes de energia e de matéria prima, terras agricultáveis e ampliação do mercado interno.


(1861/65) A Secessão e a Guerra Civil

     Em dezembro de 1860 inaugurada pela Carolina do Sul começou a secessão norte americana, que em fevereiro de 1861 reunia 11 estados e resultou na formação dos EstadOss Confederados da América. Esse processo separatista resultou de uma série de divergências entre a burguesia nortista e a aristocracia sulista com relação a posição nortista em defesa do abolicionismo, do protecionismo e da instalação das ferrovias, que contrariava os interesses da aristocracia sulista que rebatia esses pontos alegando a mão de obra escrava oferecia a ela a melhor relação custo benefício na atividade agrário exportadora, quanto ao protecionismo o argumento era o receio dos exportadores sulistas de sofrerem retaliação do mercado europeu a medida que reduzisse as importações de industrializados e com relação as ferrovias os sulistas alegavam que o custo era elevadíssimo e os benefícios para a região não os justificavam.
     Entretanto, a ruptura da União ocorreu após a eleição do republicano Abraham Lincoln para a presidência da República em 1860, o que representava a vitória da burguesia nortista considerada inoportuna pela aristocracia sulista cujos candidatos democratas dividiram os votos permitindo a vitória dos republicanos. Ainda em dezembro de 1860, por iniciativa do estado da Carolina do Sul teve início a secessão.

                        A eleição de Abraham Lincoln e a secessão

     “[...] Em 06 de dezembro de 1860 foi eleito presidente dos EUA um novato no cenário político norte americano, um jovem advogado do estado de Illinois com um perfil moderado, que conseguiu unir as várias facções do partido Republicano. O eleito foi Abraham Lincoln nascido no Kentucky.
A vitória de Lincoln foi facilitada pelo fato de os Democratas não terem indicado um candidato de união. O Partido apresentou dois candidatos Stephen Douglas indicado pelos nortistas, John C. Breckinridge pelos sulistas e ainda teve a indicação de John Bell do Partido da União Constitucional.
     Apesar das reiteradas proclamações de Lincoln de que nada faria contra a escravidão, os ânimos dos sulistas estavam extremamente acirrados. Acreditavam que a vitória de Lincoln representava mais um passo dos nortistas em direção ao objetivo de destruir o tradicional modo de vida que eles haviam adotado (pastoril e escravista). E isso era inadmissível.
     Por isso, confirmada a vitória do candidato republicano, uma convenção do legislativo da Carolina do Sul revogou a ratificação, feita por este estado, da Constituição dos Estados Unidos e declarou dissolvida a sua união com os outros estados. A Ordenação de Secessão da Carolina do Sul, ocorrida em 20 de dezembro de 1860, foi seguida, nas semanas seguintes, por outros estados sulistas, que formaram um novo país, os Estados Confederados da América. Em fevereiro de 1861, as principais lideranças sulistas se reuniram em Montgomery, Alabama, e escolheram Jefferson Davis, um fazendeiro de algodão do Mississipi, para presidir a recém fundada nação. Uma nova Constituição foi aprovada, baseada na dos Estados Unidos, porém com algumas diferenças fundamentais:
Os Estados Confederados podem adquirir novos territórios, [...] Em todos esses territórios, a instituição da escravidão negra, tal como ora existe nos Estados Confederados, será reconhecida e protegida pelo Congresso e pelo governo territorial; e os habitantes dos vários Estados Confederados e Territórios terão o direito de levar para esse território quaisquer escravos legalmente possuídos por eles em quaisquer Estados ou Territórios dos Estados Confederados [...]   
 [Art.IV Seção 3, 1861]
     Para muitos juristas, era legítimo o direito de um estado retirar-se voluntariamente da Federação forjada durante as guerras de independência. Mas o novo presidente dos Estados Unidos estava disposto a preservar a unidade nacional por todos os meios.
O que precipitou os combates foi o ataque às tropas federais estabelecidas no Fort Sumter (Carolina do Sul) em abril de 1861. Para os sulistas era uma provocação que um quartel da União mantivesse a bandeira dos Estados Unidos tremulando em pleno território da Confederação. O conflito amadurecido por décadas estava começando [...]”

( VALLADARES, E. M, In Jornal Mundo Geografia e Política Internacional. Nº 2. Abril de 2011.)

     
Entre 1861 e 1865 os Estados Unidos enfrentaram a grande prova para preservar a integridade territorial, a Guerra Civil entre a União e os Estados Confederados da América criados pela secessão. A disparidade de forças sugeria uma guerra curta, no entanto ela durou cerca de quatro anos, vitimando mais de 610 mil pessoas.

                          
                                      O norte e o sul na guerra civil

     O Norte ou a União tinha uma economia muito mais forte que a sulista, baseada na produção industrial e agrícola que utilizavam a força de trabalho assalariada. Além disso os nortistas tinham um exército mais numeroso, um setor da construção naval que produziu   mais de 500 navios, acrescente-se o fato de os nortistas terem acesso a um maior volume de recursos provenientes da tributação e de empréstimos externos.
     O Sul ou Estados Confederados sustentou a guerra com uma economia agrária e exportadora com mão de obra escravista e uma insuficiente produção industrial. Durante o conflito os sulistas sofreram um bloqueio de suas exportações e tiveram muita dificuldade para obtenção de empréstimos externos.
    
     A vitória dos nortistas deve ser traduzida como um a vitória da burguesia industrial e dos banqueiros sobre a aristocracia escravista. Com o término da guerra a União foi restaurada, a Lei Abolicionista da União de 1863 estendeu-se aos estados do sul reintegrados à União, a política de fomento a imigração criada em 1862 com o Homestead Act pelos EUA também foi adotada pelos sulistas e as ferrovias que não contavam com a simpatia dos sulistas foram instaladas para estreitar as relações com o Oeste. Com o da fim da Guerra Civil, foram criadas as condições para o take-off da economia dos Estados Unidos.

     Entretanto, a vitória da mentalidade capitalista na guerra não foi suficiente para evitar a prática do racismo nos Estados Unidos. Mesmo com a criação da XIII Emenda, que extinguiu a escravidão e da XV Emenda, que proibiu discriminação dos eleitores por razões raciais, nos estados do sul os negros foram excluídos do exercício da cidadania. Isto mostra que os negros haviam se tornado homens livres mas não cidadãos. Inclusive, no sul formaram-se organizações racistas que promoveram uma perseguição brutal contra os negro a ponto de executá-los friamente, como a Ku Klux Klan. Esse quadro estendeu-se pelos cem anos subsequentes, até que nas décadas de 1950 e 1960 através de lutas empreendidas por movimentos pacifistas como o liderado pelo pastor Martin Luther King e não pacifistas como dos Panteras Negras em que se destacou a figura de Malcoln X, o governo norte americano entendeu que era a hora de instalar a igualdade entre os indivíduos com as leis dos direitos civis e a utilização das políticas afirmativas.

Unidade XI: A Reação Conservadora ou a Restauração

(1815-1830) A Reação Conservadora ou A Restauração
                       
- o Congresso de Viena

     A derrota de Napoleão em Waterloo, em julho de 1815, frente à coligação de forças anti francesas constituída pela Áustria, Prússia, Rússia e Inglaterra, foi considerada, exceto pela Inglaterra, uma vitória das  forças sociais conservadoras ou absolutistas sobre as forças transformadoras ou liberais  identificadas com a Revolução Burguesa da França.
     Sob essa perspectiva, realizou-se em 1815 o Congresso de Viena – já havia sido convocado após a derrota de Napoleão em Leipzig no ano anterior – dirigido pelo Comitê dos Quatro. A pauta definida, pelas forças conservadoras, incluía: refazer o mapa político europeu de modo a fortalecer as nações absolutistas e conter as forças de transformação.
     Quanto à Inglaterra, o Congresso transformou-se numa oportunidade para discutir o fim do tráfico de escravos, pelo menos para o hemisfério norte, e a suspensão de práticas protecionistas. Embora a Inglaterra não fosse um Estado Absolutista, ela não se opunha a Restauração, desde que esta não representasse um prejuízo aos seus interesses econômicos.


                                           O Princípio de Legitimidade
     As alterações político-territoriais na Europa, promovidas pelas forças conservadoras reunidas no Congresso de Viena, foram baseadas nos pontos do Princípio de Legitimidade proposto pelo representante francês, o ministro Talleyrand com apoio do príncipe austríaco Metternich. O Princípio previa:
- o reconhecimento das fronteiras de 1789, nas regiões em que houvessem Estados Nacionais organizados;
- o reconhecimento da legitimidade dos herdeiros desses Estados.
     Com isso, a França foi poupada de perdas territoriais e teve a permanência de Luis XVIII no trono considerada legítima, afastando a hipótese da nomeação de um monarca estrangeiro.
     
     Com base no Princípio de Legitimidade, o Congresso promoveu as alterações territoriais, que atingiram os territórios invadidos por Napoleão Bonaparte e que não tinham Estados organizados, desse modo:

- a Polônia foi tripartida entre prussianos, austríacos e russos;
- o território do reino da Lombardia e da Venécia na Itália, foi anexado ao Império Austríaco;
- o Território do Reino de Nápoles na Itália, foi colocado sob governo dos Bourbons;
- os ducados de Parma, Módena e Toscana ficaram sob governo de príncipes austríacos;
- a região Renana foi anexada à Prússia;
- os estados da Confederação Germânica ficaram sob tutela política do Império Austríaco;
- a região da Bessarábia romena foi anexada ao Império Russo;
- os ducados de Schleswig e Holstein foram colocados sob tutela política da Dinamarca;
- a Bélgica foi anexada à Holanda, formando com esta o Reino dos Países Baixos;

A Inglaterra não obteve nenhum território europeu, mas recebeu o controle da Ilha de Malta e as colônias holandesas do Cabo e do Ceilão (atual Sri Lanka). Em troca os holandeses anexaram a Bélgica.
    
     Ainda no Congresso de Viena, o Czar Alexander I propôs a criação de aliança entre as monarquias europeias em nome da Santíssima Trindade, que seria utilizada para desenvolver entre elas a cooperação e que deveria protegê-las de qualquer ameaça, sobretudo as de natureza liberal e/ou nacionalistas. Nesse sentido foi aprovado o Direito de Intervenção proposto pelo príncipe austríaco Metternich, que autorizava a Santa Aliança a atuar onde quer que houvesse uma ameaça às monarquias europeias. O documento de fundação teve as assinaturas de Frederico Guilherme III da Prússia, de Francisco I da Áustria e de Alexander I da Rússia.
     A Inglaterra, em princípio não foi signatária do Tratado de fundação da Santa Aliança em setembro de 1815. Entretanto, já em novembro o governo de Londres considerou a possibilidade dos governos absolutistas utilizarem-na para se tornarem as forças hegemônicas no Velho Continente e aí os ingleses se decidiram a ingressar, o que a transformou em Quádrupla Aliança. Com o ingresso da França dos Bourbons a aliança tornou-se Quíntupla.


                                     
                                        O declínio da Santa Aliança

     Por volta de 1832, era visível que a Santa Aliança fosse desaparecer. As contradições existentes dentro dela não deixavam dúvidas quanto a essa avaliação.
     Entre 1815 e 1824 ocorreram as guerras de independência das colônias espanholas. A Espanha   solicitou a intervenção da Santa Aliança para reprimir as colônias, o que não pode acontecer dada a posição inglesa interessada na abertura dos mercados com a quebra do Pacto Colonial.
     Outro fato foi a independência da Grécia do Império Turco-Otomano em 1832, neste caso a Santa Aliança não interveio em razão do interesse dos russos em fragmentar o Império Otomano. Havia acusação do império muçulmano aos russos de que estes tinham interesse expansionista sobre seus territórios. Essa acusação turca, referia-se a região dos Estreitos de Bósforo e de Dardanelos, utilizada pelos russos para a saída deles do Mar Negro para o Mar Mediterrâneo.