quinta-feira, 20 de março de 2014

Unidade V: o Humanismo e o Renascimento

A Transição ideológica feudo-capitalista (Séculos XIV/XVI)
O Humanismo e Renascimento
      No processo de transição do Feudalismo para o Capitalismo, as mudanças econômicas, políticas e sociais foram acompanhadas por uma mudança de mentalidade do homem europeu a partir da substituição dos valores medievais, que haviam sido elaborados e sustentados pela Igreja Católica com base no teocentrismo por uma  nova cultura, esta   antropocêntrica, racionalista, hedonista, individualista, inspirada na cultura clássica ou greco-romana e que valorizava a observação e o espírito crítico.
     Para a transição feudo-capitalista, essa nova cultura antropocêntrica, o Humanismo, que, a grosso modo, representou uma oposição à Igreja Católica, contribuiu porque libertou a burguesia das amarras impostas pela Igreja às práticas mercantis com  a condenação do lucro, também favoreceu a formação dos Estados Nacionais valorizando o homem representado na figura do monarca
     Os valores humanistas traduziram-se esteticamente na produção literária, na pintura, na escultura, na arquitetura, na ciência, ou seja, em tudo aquilo que mostrava ao homem do século XIV o surgimento de um novo mundo, que deixava para trás a Idade Média classificada pelos humanistas como um período de trevas culturais. Isso foi traduzido como Renascimento.

O pioneirismo italiano no Renascimento
    
     O Renascimento deu seus primeiros sinais no século XIV e isso ocorreu na península italiana onde se destacaram figuras como Leonardo da Vinci e Michelangelo e os precursores Dante Alighieri autor de A divina comédia, Geovani Boccaccio que escreveu  Contos de Decameron. Essa condição de primazia deveu-se principalmente a prosperidade econômica das Repúblicas onde havia uma burguesia enriquecida com o comércio das especiarias no Mediterrâneo, que possibilitou a prática de mecenato, dando aos autores as condições materiais para produzirem suas obras.
     Além disso, a Península possuía uma herança viva da cultura clássica na qual os humanistas se inspiravam e contou com a rivalidade econômica  entre as repúblicas que se transferiu para o plano cultural e incentivou a produção renascentista.
     Entre os fatores que estimularam a produção renascentista italiana destaca-se  o êxodo de estudiosos da cultura clássica de Bizâncio para o Ocidente, após a invasão da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453. Estes levaram consigo documentos e textos que alimentaram a produção renascentista italiana com novas informações sobre a cultura clássica oriental.

O Renascimento contou para sua construção e propagação do apelrfeiçoamento da imprensa feita pelo alemão Gutemberg e  pelas Grandes Navegações que resultaram nos “descobrimentos marítimos” e no  contato com novas culturas o que ampliou a visão do mundo e do homem pelos renascentistas.

Os principais nomes do Renascimento

Leonardo da Vinci, um homem a frente de seu tempo, sempre citado como pintor da Monalisa também se destacou com outras obras como: esboço dos paraquedas, projeto arquitetônico para uma cidade e o Homem Vitruviano.
Michelangelo extraordinário pintor e escultor, foi o autor de Davi, de Moisés e da pintura no teto da Capela Sistina da criação do mundo, obra contratada pelo Papa Júlio II.
Rafael Sanzio autor de Madonas.
Nicolau Maquiavel autor florentino. Autor de O Príncipe no qual formulou uma proposta política de natureza absolutista.
Miguel de Cervantes espanhol autor de Dom Quixote.
Luís de Camões português autor de Os Lusíadas.
Willian Shakespeare inglês autor de Romeu e Julieta, de Sonhos de uma noite de verão, de Mercador de Veneza, entre outros.
Erasmo de Roterdã, o príncipe dos humanistas,  um misto de renascentista e reformador religioso, em seu livro Elogio da Loucura propunha uma reforma nos dogmas da doutrina Católica.
Nicolau Copérnico polonês autor da teoria heliocêntrica que derrubou a teoria geocêntrica de Ptolomeu.
Galileu Galilei cientista italiano comprovou a teoria heliocêntrica de Copérnico utilizando um telescópio.
Johann Kepler cientista alemão avançou com a teoria de Copérnico sobre o movimento elíptico dos planetas em torno do Sol.
Miguel de Severt  e William Harvey cientistas que desenvolveram estudos sobre a circulação sanguínea.
“[...] Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o09 que a musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta […]

(CAMÕES, Luís de, os Lusíadas)


“Na região de Lunigiana, terra não mui afastada da nossa , encontra-se um mosteiro cujos religiosos eram outrora um exemplo de devoção e castidade. Lá pela época em que principiaram a degenerar, no meio deles, vivia, entre outros, um jovem monge no qual as vigílias e as austeridades não conseguiam reprimir o aguilhão da carne. Tendo um dia saído por volta do meio dia, isto e, enquanto os demais frades faziam a sesta, e passeando a sós em torno da Igreja, situada num lugar muito solitário, o acaso fê-lo deparar a filha de qualquer lavrador do cantão. O encontro com aquela moça bonita e de formas encantadoras causou-lhe a mais viva impressão. Interpelou-a, travou conversa com ela, disse-lhe palavras amáveis, e saiu-se tão bem que em breve se puseram em acordo. Levou-a para o convento e a introduziu em sua cela sem ser notado por ninguém[...]”

(BOCCACIO, Giovanni. A Punição evitada. In Contos de Decameron)


              Um comentário ácido de Leonardo da Vinci sobre a valorização da literatura:

     Como eu não tenho cultura literária, algum presunçoso, eu bem sei se acreditará com base para criticar-me, alegando que eu não conheço as letras. Ele sustentará que, por minha falta de experiência literária, não posso tratar como é necessário das questões com as quais me ocupo […]
O que vale mais, desenhar a partir da natureza ou a partir dos antigos? E o que é mais difícil, os contornos ou a sombra e a luz?
[…] Como se as pessoas não tivessem vida suficiente para adquirir conhecimento de um  único objeto como o corpo humano

O Declínio do Renascimento    
      
     Em meados do século XVI, o Renascimento sofreu, digamos, um declínio nas áreas católicas. Não porque faltassem autores e inspiração, mas porque essa nova cultura passou a sofrer uma repressão por parte da Igreja através da imposição da  censura do Índex (Índice de Livros Proibidos) e da prática da Inquisição (O Tribunal do Santo Ofício) que era implacável com aqueles denunciados pela prática de heresia, não raro eram condenados a morteA repressão ao Renascimento contou na França, em Portugal e na Espanha com o apoio dos monarcas absolutistas em troca da sustentação ideológica proporcionada pela Igreja a eles.

     Com relação à Itália, o declínio do Renascimento deveu-se principalmente a decadência econômica das Repúblicas, em decorrência das Grandes Navegações Ibéricas, que retirou delas o monopólio sobre o comércio das especiarias e  determinou a redução de recursos para a prática do mecenato.



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